Estar onde não se está

Pronto, confesso... a casa não tinha tanto pó assim. Mas chegar a Portugal depois de mais de três meses fora é estranhíssimo. As nossas coisas já não parecem nossas, todas as pessoas têm outras histórias - muito diferentes das nossas - e outras pessoas. Chega-se e só se quer voltar a trás. Mesmo que cá esteja, ainda assim, tudo o que nos fez falta enquanto estivemos longe. Mesmo que os abraços de todos os dias tenham sido as dores de cada momento em Itália. Só se pensa em voltar.
E depois chega a rotina. Instala-se o sentimento de pertença e começamos, devagarinho, a reapropriar-nos daquilo que, afinal, é mesmo nosso. Quando acontece? No momento em que olhamos para o bilhete de avião e percebemos que temos de nos por já a andar.
A verdade é que limpei a casa em Portugal e aqui, de novo em Italia também já limpei os olhos (com uma ou outra assoadela de nariz), das lagrimas inevitaveis de mais uma despedida ao pé do detector de metais.
Tenho saudades. Dai e daqui. Até porque, a bem dizer, já só tenho mais um mês.