Para a G.

Não tenhas medo. Mesmo que olhes lá para fora e as gotas de chuva sejam mais pesadas do que pensas poder suportar; mesmo que o vento derrube as árvores mais frágeis e faça bater a janela do teu quarto; mesmo que o barulho dos trovões te dê vontade de fugir. Estamos aqui.


Pensamento positivo

O 'bogas' volta na próxima semana, começo a trabalhar amanhã, o medo está a desaparecer, o blog tem outra voz, o Aviz já mexe e o Paradoxo entregou as teses. Lei de Marshall - agora é sempre a subir!


Porque o mundo tem muitos lados, porque o meu mundo tem mais que um, o Do Lado de Cá está a crescer. Bem vindo!


Não há coincidências?

Ontem, antes de dormir, estive a reler poemas de amor de Pablo Neruda, todos condensados num livrinho feito à mão, presos por umas tiras de ráfia. Lembrei-me, no meio de tantas recordações, que nunca tinha citado Neruda neste lado e que, por isso (como por tantas outras coisas), o Do Lado de Cá ainda não era inteiramente meu, nem nunca iria ser. Há pouco, quando abri um mail de um desconhecido, dei de caras com alguns dos meus versos preferidos. Porque raramente há coincidências, não resisti:

"(...)
Si todos los ríos son dulces
de dónde saca sal el mar?

Cómo saben las estaciones
que deben cambiar de camisa?

Por qué tan lentas en invierno
y tan palpitantes después?

Y cómo saben las raíces
que deben subir a la luz?

Y luego saludar al aire
con tantas flores y colores?

Siempre es la misma primavera
la que repite su papel? "

Libro de las preguntas, Pablo Neruda

(Obrigada, André.)


A tua história

Há muito não via o nascer do sol em Braga. Hoje, quando saí de casa e enfrentei, a muito custo, o frio da manhã que gela as faces e que traz saudades do Verão, percebi que por causa daquela viagem ao Porto nunca ia esquecer aqueles primeiros raios de sol. Hoje, a minha irmã, a minha única irmã, disse 'sim' ao amor que a acompanha há tantos anos em frente a alguém que nem faz ideia das histórias que a levaram, de mão dada com a encarnação desse amor, até ali. Hoje, a minha irmã, a minha única irmã, casou-se.


Deontologia da Comunicação - aula I

"Não vamos, contudo, perder-nos na Arcana Praxis, muito menos nos deteremos na estratosfera do inacontecível."
Isto não vai ser fácil...


Os meus Putos preferidos, que hoje chegaram às 10 000 visitas (parabéns!), falaram na segunda feira do final do Verão. É bem sabido que não gosto de chuva, mas a chegada no Outono tem sempre alguma coisa de mágico. Foi essa magia que fez com que às primeiras horas do dia 22 esquecesse o vírus da gripe, os conselhos da mamã e os olhares mais indiscretos. Com as amigas do costume, cantei, dancei e pulei à chuva, torrencial, num sonante "bem vindo!". Estas Feiras Novas vão ficar na história. Se não for na da cidade ou do país, pelo menos na nossa.


Vitória

Adormeci depois do despertador tocar, o gás acabou a meio do duche e está um calor infernal para quem arrancou uma camisola de manga comprida da primeira gaveta entreaberta... mas cheguei ao quiosque a tempo de comprar o volume I da colecção de vídeos da Rua Sésamo!


Quem é quem?

"Se na blogosfera os bloggers têm nome, mas não têm cara, no Encontro Nacional de Weblogs os bloggers têm cara... mas não têm nome!"


Quando o som do despertador se soltou esta manhã, a lembrar que mesmo depois de uma noite mal dormida o tempo não pára, não senti o desconforto de quem precisa de mais umas horas de sono, de quem não quer sequer pensar nos raios de sol lá fora. A música que passava no momento era a mesma com que tantas vezes acordei no último mês de aulas antes das férias, uma coincidência deliciosa. Mais um ano lectivo, de volta a outra cidade, ao meu quarto de todos os dias de estudo. Estiquei bem os braços, numa preguiça que me acompanha até agora, e senti-me bem vinda.


Um amigo incitou-me há alguns dias a escrever sobre Allende, sobre o 11 de Setembro que os americanos desconhecem. Não o fiz. Para falar verdade, e com muita pena, nem o documentário da RTP vi. Mas agora que a mesma pessoa insiste no mesmo assunto, não posso senão dizer-lhe aquilo que ele já sabe que penso.
No dia 11 de Setembro não falei dos milhares de torturados e mortos por Pinochet nem nos milhares que morreram em Nova Iorque. Não o fiz não só porque a blogosfera já estava cheia de referências em memória dessas pessoas, mas também porque não distingo mortos inocentes. Nem dos da direita, nem dos da esquerda. Sei bem o que querem dizer as pessoas que me falam disto. Querem saber se, como muitos, dou menos valor aos que foram mortos pela mão de Pinochet, por ser de direita. Puro veneno.
Não sei ao certo quantas pessoas foram mortas por Pinochet, mas sei que foram muitas. Como as que foram torturadas por Hussein, por Khadafi ou por tantos outros ditadores que todos os dias exercem o seu poder desta forma.
Para mim, esses mortos não valem menos do que os americanos por serem menos mediáticos, por não serem "mortos do mundo, como os americanos". Se o meu pai tivesse morrido no WTC, não ia sentir menos ou doer menos porque todo o mundo partilhava a minha dor ou o lembrava. Se tivesse sido morto pelo Pinochet, não me importava nada que uma data de gente não se lembrasse dele.
A dor, o luto, é uma coisa íntima, pessoal. Não me interessa nada a mediatização e, acredito, não interessa a nenhuma daquelas famílias. Nem às dos americanos, nem à de Allende. Mediatização não significa que se deu o devido valor. À perda dos outros nunca se dá o devido valor.
E não foi o 11 de Setembro em si que mudou o mundo. Foi a percepção da insegurança, a consciência de que, a qualquer momento, em qualquer lugar, podemos perder pessoas que nos são próximas, que nos fazem falta. Muitos de nós, provavelmente, precisávamos disso para dar valor às outras perdas, aquelas de que se não fala, aquelas que não fazem capas dos jornais. Não de um modo assumido, mediático, aos berros no meio da rua. Mas para nós. Para percebermos como o mundo é. Só por isso.


Há muitas desvantagens em viver no litoral: o vento gelado em dias de inverno, os ventos de norte em tardes de verão, nuvens a mais, humidade do mar. Penso nisso muitas vezes, mas não me arrependo nada. Principalmente em dias como este, em que vou à janela, olho para o horizonte e vejo o sol, num laranja quase vermelho, a entregar-se ao mar.


"On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux
Pourtant quelqu'un m'a dit...
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors?"

(Quelqu'un m'a dit, Carla Bruni)


Fernando

Em pleno tabuleiro inferior da ponte D. Luís, cedo a passagem a alguém que vem no mesmo passeio que eu, na minha direcção. Está uma noite quente e não estranho que as duas margens estejam cheias de gente a caminhar pelas ruas. Vou a conversar, distraída, já não me lembro bem sobre o quê. Olho em frente e reconheço a cara, sempre assustada, olhos presos ao chão, tímidos, muito tímidos, cabelo em desalinho, camisola de um clube do norte. Ouço alguém dizer num sussurro demasiadamente assumido "olha o Animal!". Reparo com cuidado e percebo que não, não é "o Animal". Assim, sozinho numa ponte do Porto, sem objectivas ou focos apontados para si, ele é apenas o Fernando.


Um conselho

Larga o teclado, deixa o blog sozinho em casa. Sai à rua e olha para o céu. Cheia, linda e bem perto - uma lua destas não se pode perder.


Um problema técnico fez com que se perdesse o contacto com o comentador português de voleibol da Eurosport durante o jogo Rússia-Grécia. Os espectadores ficaram, assim, apenas com o som de campo e puderam assistir ao jogo calmamente.
Ando eu a gastar horas e horas a explicar por que é que Deus existe e as provas estão tão à vista.


Um post que não é bem um post

O Blogo Esfera dedicou-se a inventariar os blogs portugueses, agrupando-os em categorias. Fui procurar o lado de cá: não estava entre os deuses, os ilustres, os diários, nem entre as mulheres ou os religiosos. Estranhei. Uns blogs mais abaixo, lá estava ele. O Do Lado de Cá cabe na categoria dos "metablogueiros - blogs com nomes que não são bem nomes". Como disse?!


I Encontro Nacional de Weblogs


Eis o programa final do I Encontro Nacional de Weblogs, agendado para os próximos dias 18 e 19.

Dia 18 de Setembro

17.30 h Abertura do secretariado e recepção dos participantes
18.00 h Abertura e sessão de boas-vindas
18.15 h Intervenções:

*Panorama da blogosfera em Portugal, por António Granado (Ponto Media)
*Panorama espanhol e europeu da blogosfera, por Jose Luis Orihuela (e-Cuaderno).

19.45 h Suspensão dos trabalhos

Dia 19 de Setembro

09.30 h 1º Painel - Weblogs, cidadania e participação

*Abrupto
*Blog de Esquerda
*Socioblogue

11.00 h Intervalo
11.30 h 2º Painel - Weblogs, ensino, aprendizagem e investigação

*Aula de Jornalismo
*Gente Jovem
*JornalismoPortoNet
*Teorias da Comunicação

13.00 h Intervalo para almoço
14.30 h 3º Painel - Weblogs, jornalismo e comunicação

*Contrafactos e Argumentos
*Íntima Fracção
*Jornalismo Digital

16.30h Intervalo
16.45 h Sessão final: Weblogs e sociedade - Horizontes da blogosfera

*Todos os participantes

18.00 h Encerramento dos trabalhos.

Mais informações e inscrições aqui.


Rendição


"Rendo-me à banalidade dos dias,
à monotonia das horas.
Tudo ficou para trás... E foi o Tempo,
esse corruptor até do ferro
até da prata
o culpado da minha rendição."
Maria Seixas

(Foto: Ana Machado)


O exame de TAD foi um flop. As reacções à saída não me deixam mentir: "Fosca-se Lá O Piiiiiiiii..."


Sábado à noite. A A. queixa-se de não ter o que fazer e diverte-se à procura dos pormenores nas fotografias do Verão. A L. perdeu a cabeça e já está na festinha da terra vizinha, de copo na mão, a distribuir sorrisos. A G. foi para longe e de lá irradia felicidade. A R. escondeu-se no Templo de Diana, recusando-se a trabalhar em Setembro. E eu...

" (...) estas análises acabam por afirmar que o que pareciam, à primeira vista, propriedades relativamente estáticas e estáveis da gramática das frases, são realmente produtos secundários emergentes e dinâmicos dos processos através dos quais as pessoas organizam informação e a transferem de umas para as outras. Algumas delas desafiam a noção de que as frases são formas linguísticas independentes. Mas se as frases não têm existência fora do discurso, se são criadas por ele, é difícil conceber e definir o discurso como algo maior do que aquilo que cria - as frases."

... eu estou quase a desistir.


Alívio

"O que tem sido, isso é o que há-de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol."
Eclesiastes 1:9


Aviso à navegação:
Don't take me too serious.


"Esta sala, sem palavras, fica fria... nem com este sol!"
Há dias em que o silêncio é o que de mais quente tenho de ti.


Vim escrever. Deixei os livros e as folhas amarrotadas por tantas vezes adormecer em cima delas e pus-me à estrada. Pelo caminho lembrei-me de tanta coisa que tinha para dizer e assim que olhei para o teclado perdi a vontade. Li os blogs amigos, os incontornáveis, aqueles de que tinha saudades e quis ir embora, deixar o blog de mãos a abanar. Não deixo, eu sei, mas tive vontade.


O FP falou-me hoje de uma reportagem que tinha passado nos telejornais portugueses. Estive à espreita na SIC Gold para ver que notícia era essa e confirmei, com horror, aquilo de que já suspeitava. Uma reportagem sobre um incêncio num prédio em Taiwan, cujas imagens mostravam alguns moradores, em desespero, a tentar descer por cordéis. Vi o primeiro cair, ouvi os gritos de dor de muitos outros e bastou para mudar de canal. Tudo isto passou na SIC e na TVI, à hora do almoço e no horário nobre de televisão, sem aviso prévio em relação às imagens mais chocantes, mesmo antes da ligeireza de uma reportagem sobre o derby FCP-SCP. Não percebo.