Eu bem disse que precisava de férias de mim...

Estive mais de vinte minutos a ver o "American Chopper" no People and Arts, com as legendas do novo programa de bricolage do canal. A televisão estava sem som... fiquei todo o tempo admiradíssima por haver tantos termos de mecânica iguais aos de jardinagem.


Da primária ao secundário, a opinião dos professores em relação ao meu desempenho foi, quase sempre, unânime - empenhada, interessada, boa aluna... mas com muito sangue na guelra.
Sempre achei que a opinião só era justa para os que tiveram de me aturar já crescida... mas hoje, ao arrumar cadernos e livros muito antigos, percebi que tinha de dar o braço a torcer.

Teste de Meio Físico e Social
Ano Lectivo 1991/1992
4ª Classe

Pergunta - Comenta a afirmação: "Utilizar os meios de segurança é um sinal de inteligência."
Resposta - A afirmação é verdadeira porque quem não sabe utilizar a segurança é burro.

Está despachado. Next!


[Há ainda excertos deliciosos de composições sobre o Outono, o primeiro dia de aulas e o Sr. Avião. Se perder a vergonha na cara, um dia ainda partilho isso...]


Já fiz férias do trabalho. Fiz férias da cidade e do país.
Fiz férias dos meus espaços, das minhas coisas.
Fiz férias da televisão. Fiz férias do telemóvel.
Fiz férias até dos jornais.
Não chega.
Posso agora fazer férias de mim?


Ir a banhos e não ler blogs é perigoso - quando se volta, pode ser que alguém tenha decidido ir embora.
Pior - alguém que se gosta de ler, que se lê todos os dias, que se habituou a ter ali mesmo ao lado, pode mesmo ir embora.
E foi.
O Aviz acabou.


Encontrei.
Confesso que não foi preciso muito.
O esforço até nem foi meu - levaram-me pela mão. E nestas coisas, é preciso dar os créditos a quem a eles tem direito.
O nosso lugar (este como tantos outros que podiam ser nossos) foi-me mostrado por alguém.

Não te confundas, o lugar é só um pretexto. Não preciso de te desenhar um mapa, nem de te dar indicações. Não quero que chegues lá. Ou melhor, se quero que lá chegues, tem de ser pela minha mão. A minha mão a levar-te a este lugar; ou a qualquer outro.

Tem sol, como pediste. Muito. Brilha todos os dias - desde muito cedo; até muito tarde.
É ao sul, como sei que preferes. Mas podia ser ao norte - não te esqueças: o lugar pouco interessa.
Tem tobogãs, muitos... e está deserto.
Não acreditas?
Juro que sim.
Se vieres comigo, garanto que só me vês a mim e que eu só te vejo a ti. Mesmo estando cheio de gente.

Então?
Vamos fugir?

[Skank, no giradiscos]


Who's gonna ride my wild horses...?

Pues que durante una semana tendrá que hablar espanõl.
Es que me voy a nuestros hermanos... Volveré en algunos días!
E vale!


Fórmula

É simples:

"que todos los días sean de sol
que todos los viernes sean de fiesta"

[é pedir muito?]


- Sabes que fui ao concerto dos U2?
- Foste?
- Fui mas não fui.
- Foste mas não foste?
- Claro que fui.
- Foste?
- Quem é que disse que fui?
- Então não foste...
- Fui, fui...

[Obrigada...]


Já aqui disse isto

A saudade é um valor acrescentado.


Fuso Horário

Seis meses depois de me ter transferido para Lisboa, a Bárbara (que conheci pela mão deste senhor) vem, sem saber, em meu auxílio e começa um mais que útil "Breve Dicionário Tripeiro-Alfacinha".

Eu cá acho difícil que um dicionário deste género seja "breve", mas pelo menos já posso mandar os amigos alfaces a algum lado quando não percebem o que eu digo... e não, não é a um sítio menos católico (embora às vezes também apeteça)!

Ao dicionário, a experiência obriga-me a acrescentar três expressões, que causam os "uaus" e os "aahhhs" lisboetas:

trengo - tolo
esfolar - ter apanhado sol a mais e ter a pele a sair
trovoar - trovejar

Há, com certeza, muitas outras. A Bárbara aceita sugestões.


180 graus

Há duas semanas estava a fazer jornais de hora a hora.
Hoje não tenho uma única novidade pra contar (e que me dê que fazer...).

[é que eu já vi isto muito melhor...]


É bem verdade

Old habits die hard.

[e mais difícil do que fazer de conta que não estão lá, é admitir que gostamos da grande maioria deles e que, na verdade, os queremos exactamente onde estão]


Mr. Lonely... Johnny Boy.

É a minha porcazita preferida.
Não me entendam mal! Ele sabe do que eu estou a falar.
Tem o sorriso mais doce e mais maroto que conheço, mas sorri menos do que aquilo que o mundo merecia. Tenho para mim que o pus a sorrir mais desde que me conheceu. Quando assim não é, mando-lhe com um "Então? Tudo bem?", na situação mais absurda, e o brilho enche-lhe os olhos.
Aquele brilho que me fez apaixonar pela honestidade, pela simplicidade, pelo jogo limpo, pelo preto no branco. E, já se sabe, adoro apaixonar-me por pessoas.
Tem um humor delicioso, um palminho de cara (ou dois... ou três...), muitos palmos de altura (fónix...), gosta da música certa, já viu os melhores filmes e não dispensa uma boa festa.
É arrebatador (e não é por ter força suficiente pra me meter debaixo do braço...) e não sabe.
Tem medo de ser desinteressante, está num limbo que o faz vacilar. E, também por isso, não faz ideia da beleza que traz consigo, todos os dias, na cara, no coração e na mochila de gaja que não dispensa.
É das melhores coisas que me aconteceram nos últimos dois meses. Esteve sempre ao lado, mesmo quando não estava. E ainda está. Andou comigo ao colo, fez de Fátima Lopes, ouviu sem julgar, com uma resposta sempre pronta e a mania de me chamar "miúda" e me despentear o cabelo.
Fartámo-nos de rir e fazer trenguices. Nem me quero lembrar dos pedaços de fruta e do ovo (e não me peçam pra explicar, que isto às tantas dá cadeia...).
É o colega do gin tónico e das insónias (mesmo com gin tónico...), das pequenas revoltas, do "já viste a lata?", da neura e da tensão pré menstrual. Mais um bocadinho, e era gaja.
Se fosse um doce seria um Travesseiro de Sintra. Se fosse um prato seria Gambas com Caril. Se fosse um livro, seria do Paul Auster. Se fosse uma música, seria de uma compilação. Se fosse uma pintura, era Surrealista. Se fosse uma descoberta, era uma praia cheia de sol na costa inviolada do Brasil.
É o amigo que dá sempre jeito trazer na carteira, apesar de ser teimoso e mimado como o raio.
Anda à procura de quem lhe tome conta dos "wild horses" que fazem dele quem é. Hoje sim, amanhã não, depois talvez. Ou melhor, hoje não, que ainda há tempo para mudar de ideias.
Como sempre achei que da pequenez dos meus 23 anos, os meus conselhos faziam pouco sentido, arranjei uma lista de conselhos dos outros (pronto, ok... é uma série de postais da freepostcards...).

Se fores, vai mais longe.
Se fizeres, faz diferente.
Se cantares, canta alto.
Se entrares, entra em braços.
Se rires, ri até chorar.
Se sonhares, sonha mais alto.
Se arriscares, arrisca tudo.
Se voltares, volta mais tarde.
Se vestires, veste a camisola.
Se saíres, sai da rotina.
Se mudares, muda muito.
Se venceres, vence o medo.

Despedi-me de todos com um abraço, um "obrigada" um "adeus!".
A ti, dei-te o abraço, mas não te disse adeus. Não porque não vais ficar longe, também tu. Mas porque não faz diferença. Two shots of happy, One shot of sad.

[Deu-me uma trabalheira do raio pensar na música para ti. "Miss Sarajevo", "Two shots of happy, One shot of sad", "The first time i ever saw your face", variadíssimas óperas, coisas bem culturais... e depois percebi que não havia nenhuma mais perfeita que esta - Lonely, Akon.]


"Fim da linha. Ponto."

Nos últimos anos tenho escrito isto repetidamente. Por uma razão simples - tenho, de facto, chegado ao fim de muitas linhas.
O ciclo que agora se fecha (ou que eu fecho, porque os fins de ciclo só valem a pena se são conduzidos por nós) é, talvez, dos mais importantes que acabou até agora.
Não pela coisa em si, mas pelo tanto que significa.
Na verdade, não fecho apenas um ciclo - são vários.
Deles não vou falar. São tão meus, tão meus que, enquanto não lhes conseguir digerir o fim, só serei capaz de debitar ideias sem sentido.
Não é claro. Provavelmente não tem de ser.
E há sempre uma certa beleza na confusão.