Apagam-se números de telemóvel, rasgam-se fotografias, mandam-se mensagens para o lixo, desaparece-se por uns tempos. Faz-se de conta.
Mas a música, aquela música, está sempre lá. À espera do momento certo para aparecer na rádio, numa viagem longe, num cd perdido.
Sempre e apenas nos dias em que o coração está a ouvir.
Lembro-me de uma vermelha, com bolinhas brancas. Lembro-me de uma amarela que a mãe misturava com uma fita de seda preta brilhante, quando me vestia um vestido com folhos das mesmas cores.
Lembro-me de não gostar que me penteassem.
Mas tenho saudades.
crónica de um futuro que não aconteceu
Come farti capire quello che a volte credo sia
impossibile capire;
impossibile spiegare.
Farò il meglio che posso. Sempre l'ho fatto. Ti l'ho promesso,
ti ricordi?
No... forse non te l'ho detto. Forse eri soddisfatto così, senza sapere come stavo dentro. Perciò non te l'ho detto. A te bastava.
A me no.
Sempre sei stato poco. Non ridere... è vero, lo sai. A dirti la verità, credo che non sarai mai sufficiente. Colpa tua, non mia. Non hai mai voluto darmi quello che chiedevo,
che pregavo.
Quello che hai sempre detto
"è tuo".
Non sei mai stato mio perchè non sai cos'è essere di qualq'uno. Sei di te stesso e solo questo mi ha fatto innamorare di te. Perchè non sei di nessuno. Ed io credevo che un giorno ti avrei sentito dire
"sono tuo".
Alla fine sempre parlo nel futuro. Solo perchè un passato non lo abbiamo.
Bugia.
Abbiamo tutto un passato fatto di parole di canzoni come quella che ho sentito al tuo fianco e che mi fa sempre pensare al giorno in cui ho creduto per la prima volta che
forse eri tu qui cercavo.
Ancora lo penso, mi credi? Sempre con la certezza che lo faccio solo perchè mi fa male pensar il contrario.
Un giorno mi hai detto che ero il tuo sogno.
Bugia?
No... solo parole di canzoni. Che non bastano. Mai. E che solo servono di compagnia tutti i giorni che non ci sei. E nelle sere. Nere.
Está bonito, está...
As coisas costumam correr bem... mas ontem, antes da aula e já dentro de água, comecei a achar que algumas velhotas olhavam para mim mais do que seria normal.
Olhei discretamente pro fato de banho, pra me certificar que estava tudo no sítio... arranjei a touca... olhei à volta... e os olhares... encantados... enrolados em sorrisos de avó... continuavam.
Só muito depois é que percebi - uma senhora, com o cabelo muito branco, pôs-me a mão no ombro e disse com ar cúmplice: "que Deus lhe dê uma hora pequenina!".
Está visto... mulheres abaixo dos 40 em aulas de hidroginástica... estão grávidas com certeza!
[A coisa não ficou por aqui... expliquei às senhoras que não estava "à espera"... garanti à professora que não estava ali "pelo bebé"... mas não devo ter convencido. Disseram-me que tinha "aquele brilho nos olhos" e, no balneário, uma das velhotas ainda me veio desejar felicidades. Para mim "e para a cachopa".]
[E não... não estou com barriguinha.]
La traviata
Tem movimentos de gata;
Na canastra, a caravela,
No coração, a fragata.
Em vez de corvos no xaile,
Gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
Baila no baile com o mar.
É de conchas o vestido,
Tem algas na cabeleira,
E nas veias o latido
Do motor de uma traineira.
Vende sonho e maresia,
Tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria,
Seu apelido: Lisboa."
Vou ali matar saudades e já venho.
[E deixo-vos tão melhor acompanhados - Mariza, with one of my personal favorites]